quinta-feira, novembro 10, 2005

Thor


Numa segunda feira (há duas semanas) de manhã o Thor apareceu ao pé de nós com um traço na pata da frente do lado esquerdo, provavelmente feito numa corrida atrás de algum coelho. O corte era profundo e largo o que antevia uma suturação. Foi o que aconteceu mas teve de ser cozido por dentro e por fora, tal fora a profundidade do corte. Ao principio pensei que após ser cozido tudo iria ficar bem. Todos os dias lhe mudava o penso e estava sempre atento para que ele não lambesse os pontos ou a ferida.
Uma semana e meia mais tarde e já com a ferida bem cicatrizada, até já tinha tirado os pontos, o Thor ainda coxeava. Mais grave estava a coxear ainda mais do que na altura que tinha pontos. Comecei a ficar com medo .... medo de ele não ficar a ser o mesmo cão que era antigamente, comecei a imaginar logo os dias passados na praia, as corridas desenfreadas atrás da bola, as viagens para dentro de água, as brincadeiras que tinhamos. Os meus medos ficaram maiores quando ele, em casa andava com a cauda entre as pernas, não reagia aos avanços da Daniela e mesmo quando nós a colocávamos no chão, ele ficava alegre, ou mostrava alguma vontade de brincar, ele que era louco por ela e que fazia tudo para lhe dar umas lambidelas.
Mexia-lhe na pata e ele fazia aquela cara de quem estava incomodado com a situação. Tentei mentalizar-me de que com o tempo as coisas iriam ficar bem, utilizava várias vezes a expressão "dá tempo ao tempo".
No Domingo passado acordei e qual não foi o meu espanto quando junto a mim está o Thor com a corda na boca, aquela corda que utilizamos para brincar. Olho para a pata e vejo que ela está apoiada no chão. Fiquei radiante. Depois acalmei. Agarrei no primeiro boneco que estava ao meu alcance e lancei-o. Acto de reflexo imediato, o Thor correu atrás dele, apanhou-o com a boca e voltou para junto de mim. Olhei de novo para as patas e as duas estavam no chão. Fui para rua para o passeio matinal e ele andava fluidamente, até esboçava uma ligeira vontade de correr. Não quis arriscar e não o forçei, mas cá dentro estava mesmo muito feliz. Ele iria ficar como dantes. Quando cheguei a casa fui de imediato buscar a Daniela e recação normal .... lambidela monstruosa na sua carinha pequena. Ele estava igual como era antes do acidente.