Profissões ....

Há profissões que estão destinadas a acabar. Não porque não façam falta, mas porque a evolução dos materiais e dos modos de construção assim o ditam. Uma destas profissões é a do construtor naval de barcos em madeira. A fibra veio para ficar e os modos de construção mais rápidos, mais fáceis de reparar e mais baratos vêm acabar de vez com uma profissão muito bela e que tanto fez pela evolução dos barcos.

Em Vila Real de Santo António, onde o rio se mistura com o mar, existe um resistente, um antigo construtor naval, o Sr. António, que ainda hoje trabalha a madeira, dá-lhe corpo e transforma-a em barco.

Não em barcos como os que fazia antigamente, daqueles que depois enfrentavam ondas de cortar a respiração, mas em pequenos barcos. A maneira como os faz, a simplicidade com que explica a sua obra, faz lembrar aquelas maquetas que se compram com instruções de montagem. Não se enganem, tudo o que constrói para o seu barco é uma réplica exacta do barco à escala real, cada peça tem o seu modo de fazer e a sua importância e nada é deixado ao acaso.

O Sr. António fala com paixão da sua profissão, e um curioso como eu fica encantado ao ouvi-lo contar as histórias de antigamente. Quando era novo tinha um estaleiro em Vila Real e ensinava o ofício a muita gente, chegou a dar trabalho a mais de 30 homens e perdia a conta a quantos barcos seus navegavam no nosso mar. Agora conta pelos dedos os barcos que ainda navegam.

O barco que aqui é apresentado é uma réplica de uma traineira de pesca. Quando perguntei o que acontece ao barco depois de pronto a resposta foi “Não sei … logo se vê”.
Conta com entusiasmo a maneira como se dá forma à madeira, a importância das várias peças e o modo como entram na estrutura. Explica como as mede e os moldes que faz até chegar ao trabalho final.

“Expor … só se tivesse mais maquinaria. Demoro muito tempo a fazer cada peça”.