Muito se tem falado acerca da implementação das novas tecnologias no futebol. Os defensores indicam como mais valia para o futebol a inclusão de chip na bola, do “olho falcão” e até do vídeo árbitro, entre outras.
Dão exemplos de outros desportos onde estas mais valias são amplamente utilizadas e da “verdade desportiva” que advém da sua utilização.
Alegam que com essas novas tecnologias os erros que existem no futebol, nomeadamente os foras-de-jogo, os penaltys e os golos que entram ou não acabariam.
Na opinião destes defensores a essência do futebol nunca seria afectada e que só poderiam melhorar o futebol espectáculo.
Curioso ou não é que nunca ouvi ninguém defender a colocação de dois árbitros em campo.
Na maioria dos desportos que utilizam as novas tecnologias, andam em campo mais do que um árbitro, e as tecnologias são utilizadas apenas quando não existe consenso entre os vários elementos. Mesmo aqueles que não utilizam as novas tecnologias já existem dois árbitros em campo.
Na minha opinião a melhoria das arbitragens passa primeiro pela profissionalização dos árbitros. É incoerente que se fale de ligas profissionais quando são apitadas por árbitros semi-profissionais (seja lá o que isso for). Uma pessoa que apenas faça profissão de árbitro tem obrigação de usar o seu tempo para treinar, onde este treino passa não só pela condição física, como pela sua capacidade de analisar os lances do jogo.
Utilizar o tempo para visualizar vídeos, analisar prestações, é tão importantes como o treino da sua condição física.
Um árbitro profissional pode ser responsabilizado por um erro que cometa, retirando parte do seu vencimento por exemplo.
Uma avaliação sobre as prestações pode fazer o árbitro subir de escalão em detrimento de outros que não são tão capazes, ou vice-versa.
Depois os dois árbitros.
A colocação de dois árbitros em campo, a acompanhar em simultâneo os lances do jogo, a uma distância um do outro que possibilite duas visualizações diferentes sobre as movimentações dos jogadores permite que o que um não veja seja perceptível pelo outro ou que os dois vejam a mesma coisa de dois ângulos diferentes.
Num campo tão grande como o de futebol, não seria a inclusão de mais um elemento, que o iria sobrelotar. Mas seria de certeza uma mais valia para o jogo.
Havendo já conferência entre os elementos das equipas de arbitragem, não seria de certeza mais um árbitro que iria atrasar a cadência do jogo.
Esta movimentação dos árbitros nunca poderia ser dividida em meios campos, deveria pelo contrário ser apenas condicionada pela melhor colocação para analisar os acontecimentos, por exemplo, um à frente do lance e outro atrás, numa diagonal entre os dois, sendo que nas laterais estariam os árbitros auxiliares.
E se tivermos em conta que os árbitros seriam profissionais qualquer um deles teria capacidade de decisão e queria de certeza decidir bem.
Em termos de despesa para o organismo que gerisse as arbitragens não seria um rombo porque neste momento já se paga a 4 elementos, e uma profissionalização, gerida por escalões, apenas os que realmente merecem seriam árbitros e por consequência pagos. Podia inclusive procurar-se patrocínios para ajudar a gestão, com publicidade nas camisolas dos árbitros.
Esta situação dos dois árbitros, em todos os jogos, das ligas profissionais, não seria condicionada pelas instalações dos clubes, onde as novas tecnologias esbarram. É ponto assente que não temos em Portugal instalações em todos os clubes capazes para albergar as novas tecnologias. É também ponto assente que os clubes com mais transmissões televisivas são mais escamoteados do que os outros.
Gostava de ver esta possibilidade discutida. E gostava que ela fosse discutida ainda antes de se falar das novas tecnologias.
Tenho a certeza que o futebol, aquele que todos gostamos de ver, melhoraria de certeza.
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