«Se o leitor segue estas coisas com cuidado sabe exactamente do que estou a falar. Se não sabe, também não serei eu a explicar-lhe. Preste atenção, descubra as diferenças. Só lhe fará bem.
Este é um tempo triste para o jornalismo de desporto em Portugal.
Pressões, amigos, bloqueios, os clubes esforçam-se por ditar as leis. Plantam notícias, limitam o acesso às fontes, mentem. Joga-se tudo e, como às vezes nos campos e não raro nos túneis, joga-se feio.
Mas este é também um tempo em que os leitores são chamados a decidir o que preferem: jornais e jornalistas domesticados e amigos, logo distantes da verdade; ou órgãos de comunicação social verdadeiramente livres, mesmo se incómodos.
Lembra-me a experiência que os leitores da informação desportiva são quase todos também adeptos de algum clube, o que por vezes dificulta a distância necessária para distinguir entre boa informação e frete para ajudar o amigo dirigente/assessor. Mesmo quando essa distância, não poucas vezes, aparece em letras gordas, nas primeiras páginas.
Apesar do ar impuro que se respira no futebol português, é possível continuar a fazer bom jornalismo. Dá trabalho e algumas chatices. Mas é mais divertido do que simplesmente ser amigo, receber os mails dos assessores ou os dvds com as gravações das declarações de treinadores e jogadores, publicá-los e, triste, voltar no dia seguinte para mais umas horas de fingimento.»
(excerto do artigo Opinião por Luis Sobral in MaisFutebol)
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