Tudo o resto foi pouco.
Pouco para alguém que se chama Cristiano Ronaldo. Mas pouco também para um avançado que respondesse por outro nome.
O mau Mundial de Ronaldo, depois de uma qualificação sem golos e de um Euro 2008 frágil, só torna mais forte a ideia de que a estrela maior do nosso futebol rende muito menos quando é chamado à selecção. Claro que o capitão acha que não, mas talvez fosse altura de aceitar que é assim há demasiado tempo para não olhar o problema de frente.
Provavelmente há diferentes explicações para este mau rendimento. Escolho duas.
Primeiro, na selecção Cristiano Ronaldo joga muito mais longe da grande área do adversário do que no Manchester United ou no Real Madrid. Por isso com menos apoio, por isso com mais metros para fazer, por isso com mais defesas e médios adversários para ultrapassar. Por isso, enfim, com menores possibilidades de sucesso.
Depois, o peso de Ronaldo. Por culpa de muita gente, mas sobretudo do próprio e de Carlos Queiroz, hoje em dia parece que o «7» faz parte de uma equipa e todos os outros se integram em outro grupo, distante, mais modesto.
Por exemplo a chegada ao estágio, na Covilhã. Não tem importância nenhuma ir de helicóptero. Mas se calhar até tem. Porque é simbólico, porque acentua essa diferença. E o futebol, até ver, ainda é do domínimo do colectivo. Com gloriosas excepções.
Neste jogo, por exemplo, foi estranho ver Ronaldo afastar Simão da possibilidade de marcar um singelo livre a meio-campo. Foi lá, chutou e deu em nada. Se é para assumir, é bom que corra bem. Não correu. Raramente corre. Foi um momento sem importância? Acho que não.
Sei que é incrível, mas hoje em dia, na selecção, Ronaldo tem sido mais um problema do que uma solução. O que não faz sentido.»
(Luis Sobral in MaisFutebol)
Por que será que apenas alguns conseguem ver uma coisa tão simples como esta?
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