terça-feira, dezembro 08, 2009

Furia Divina


«"Olhe, quando passa ao pé de hospitais, por exemplo. Os hospitais estão cheios de equipamento radiactivo. Sempre que um contador geiger é apontado para algum hospital, a agulha mexe-se. Mas isso é normal e tem de ser descontado."
Tomás começou a sentir o coração bater mais e mais depressa. Os olhos arregalaram-se-lhe de terror e teve tanto medo da pergunta seguinte que esteve quase para não a fazer.
Mas fez.
"E... as ambulâncias?"
"É a mesma coisa."
Tomás olhou para Ted e para Rebecca, e os três caíram em si. As cabeças convergiram para a ambulância estacionada na base do edifício Chysler e os rostos imobilizaram-se por um longo segundo, interpretando o que viam de um modo totalmente novo, o pavor tombando sobre eles como uma sombra.
A ambulância era a bomba atómica.»

A mais recente obra de José Rodrigues dos Santos está com a qualidade que ele já nos habituou, sendo que, e talvez devido ao cariz sensivel do assunto, as referências à história do islão pecam por excesso. Podia ter criado o romance com menos referências. Fica a faltar em algumas partes do livro a acção, o entusiasmo sobre o que se vai passar.

De qualquer modo não deixa de ser uma bela leitura.