Este é o caso que tem dado que falar no mundo do desporto em geral e no mundo do atletismo em particular.
Caster Semenya, atleta da África do Sul, com 18 anos, foi vencedora dos 800m em Berlin. Ela não só venceu como deu "uma abada" às restantes atletas, chegando ao final com cerca de 5m de vantagem sobre a segunda classificada.
Logo na altura foram muitas as vozes que se levantaram questionando a sua sexualidade. A atleta foi submetida, ainda em Berlin, a testes, que serviriam para verificar essa mesma sexualidade e os resultados serão conhecidos a 20 de Novembro.
A sua constituição física, onde predominam os músculos bem definidos, a ausência de seios, bem como a sua voz, muito semelhante à de um homem, foram talvez os motivos que levaram a que as dúvidas se levantassem. Verdade seja dita que quem apenas a ouve rápidamente dirá que se trata de um homem e não de uma mulher.
Mas este caso não se fica apenas pelo conhecimento ou não acerca da sexualidade da atleta.
O seleccionador da África do Sul, Wilfred Daniels, já se demitiu do cargo por alegadamente não concordar com a maneira como o caso foi encaminhado.
“Não agimos de forma correcta com Caster. A maneira de tratar este caso foi atroz”, “Colocámos Caster numa situação difícil e, se ela sofreu tudo o que sofreu, foi porque não lhe demos informações suficientes, não lhe explicámos o que poderia acontecer em Berlim”, "antes da sua partida para Berlim, pedimos a Castre para ir a uma clínica em Pretória para fazer uns testes, mas não lhe explicámos correctamente o que seria”. (in Público)
Com estas palavras o seleccionador admite que já se previa que estas dúvidas podiam ser levantadas mas que não foram explicadas à atleta, levando agora a que esta se sinta muito indignada, e com razão, com aquilo que lhe está a acontecer.
Entretando um jornal australiano revelou hoje que são já conhecidos os resultados aos testes e que os mesmo revelam que a atleta é hermafrodita. De acordo com o jornal australiano "The Sidney Herald", a fundista não possui ovários, apesar de na aparência externa apresentar órgão sexual feminino, e tem testículos internos "escondidos", que produzem grande quantidade de testosterona.
A ser verdade o que o jornal revela a atleta está a beneficiar de uma situação "não normal" e por isso a competir em vantagem relativamente às outras atletas.
Não é uma questão de doping mas é igualmente uma situação que altera a verdade desportiva e que por isso deve ser evitada.
A IAAF já veio a público dizer que não vai retirar a medalha à atleta mas que, a ser verdade o que os testes revelam, vai interditar, a fundista, a futuras competições.
Vou dar um exemplo duma situação hipotética para fazer uma comparação com este caso. Pensem num nadador que tenha, por uma razão inexplicável, guelras. Esta situação acontece não por culpa do atleta, não por influência externa (doping) mas apenas porque o nadador nasceu assim, devido a uma malformação do seu corpo. Será que este nadador não iria estar em vantagem em relação a outros nadadores. Claro que sim. Será que ele podia competir de igual modo com os outros. Claro que não.
Semenya tem, a ser verdade os resultados anunciados, uma malformação no organismo, que lhe confere uma produção de testosterona acima da média para o género feminino (3x mais segundo os resultados). Ele ao usar essa malformação para competir a nível profissional está a usar essa vantagem para obter resultados, o que a coloca numa situação previligiada em relação aos outros atletas.
Como agente do desporto não posso concordar com isso. A competição é justa quanto todos usam as mesmas armas, sendo que depois a qualidade de cada um é que o faz vencedor, ou não.
2 comentários:
Qualquer semelhança com a Leonor Pinhão, é pura coincidência.
Um abraço
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