Carolina e as contradições.

Porque é que eu não estou admirado com a notícia que dá conta de ser ter descoberto algumas contradições no depoimento de Carolina Salgado no caso Apito Final, mais propriamente, no processo que levou Pinto da Costa ao tribunal por alegadamente ter subornado o árbitro Augusto Duarte no jogo Baira Mar-FC Porto da época 2004/05.

Ah! Não estou admirado porque era coisa que já esperava.

Vamos por partes.
As contradições que foram descobertas no depoimento da Carolina Salgado são as seguintes:

- No primeiro depoimento (30/11/2006) Carolina terá dito que viu Pinto da Costa dar um maço de notas, 2500 a 3000 euros, a Augusto Duarte. Em Janeiro/2007 falou num envelope com 2500 euros e dois meses mais tarde disse que tinha sido o próprio Pinto da Costa a revelar-lhe o valor exacto do suborno e que tinha colocado o dinheiro num envelope mesmo à frente dela.

- Outra contradição tem a ver com a relação que Augusto Duarte tinha com Pinto da Costa. No livro que ela escreveu (escreveu???) indicava que Augusto Duarte era "visita frequente" da casa de Pinto da Costa, mas depois no julgamento disse que ele só lá tinho ido uma vez. Carolina disse que no livro tinha usado uma força de expressão (será que ela sabe o que isso é).

- Outra das contradições é sobre os intervenientes no caso. Numa primeira versão Carolina disse que para além dela e de Pinto da Costa estavam presentes o árbitro Augusto Duarte e António Araújo e que ela tinha estado sempre presente na sala. Mais tarde admitiu ter-se ausentado para fazer café. Na fase de instrução disse que não esteve permanentemente na sala e no testemhunho da PJ indicou que estava no corredor. Hoje "explicou" que o corredor faz parte da sala (só se for na casa dela que deve ser um T0).

- Por último temos a altura em que as coisas aconteceram. Primeiro indica que Pinto da Costa entregou o dinheiro e só depois pediu o favorecimento. Mais tarde indica que primeiro pediu o favorecimento e só depois o dinheiro. Por último diz que o assunto esteve sempre presente na conversa.

Aquilo que me faz realmente confusão não é o facto de se ter descoberto contradições no seu depoimento, é alguém levar para tribunal, gastar dinheiro dos contribuintes, um caso assente no depoimento de apenas uma pessoa, pessoa essa que já tinha dado provas de ter "mentido" várias vezes.

Este caso já tinha sido arquivado e foi à posteriori aberto e levado a tribunal para agora vermos estas barbaridades.

Dou um conselho, sabendo eu que conselhos não se dão.
Senhores, façam primeiro o trabalho de caso e não façam julgamentos na praça pública nem há pressa, porque assim só se queimam.